quarta-feira, 31 de julho de 2013

 
Retirada

Respeite o silêncio
a omissão,
a ausência.
É meu movimento de deserção.
Abandonei o posto,
rompi a corda,
desacreditei de tudo.
Cansei de esperar que finalmente um dia,
minha fotografia
fizesse jus ao seu criado-mudo.

[Flora Figueiredo]

terça-feira, 30 de julho de 2013

ONTEM
Mario Benedetti

Ontem passou o passado lentamente
com sua vacilação definitiva
sabendo-te infeliz à deriva
com tuas dúvidas estampadas na testa.

Ontem passou o passado pela ponte
e levou tua liberdade prisioneira
trocando seu silêncio em carne viva
por teus leves alarmes de inocente.

Ontem passou o passado com sua história
e sua desfiada incerteza
com sua pegada de espanto e de reprovação.

Foi fazendo da dor um costume
semeando de fracassos tua memória
e deixando-te a sós com a noite.
O tempo seca o amor - Cecília Meireles

O tempo seca a beleza,
seca o amor, seca as palavras.
Deixa tudo solto, leve,
desunido para sempre
como as areias nas águas.

O tempo seca a saudade,
seca as lembranças e as lágrimas.
Deixa algum retrato, apenas,
vagando seco e vazio
como estas conchas das praias.

O tempo seca o desejo
e suas velhas batalhas.
Seca o frágil arabesco,
vestígio do musgo humano,
na densa turfa mortuária.

Esperarei pelo tempo
com suas conquistas áridas.
Esperarei que te seque,
não na terra, Amor-Perfeito,
num tempo depois das almas.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

de Reggina Moon.
SOLIDÃO III

Neste deserto que escrevo
e que me faz companhia
momentos de saudades
me fazem refletir na vida.
O que seriam meus dias
 se não fosse a perene poesia!
Por trilhos imaginários
tecendo ainda alguns sonhos
vou seguindo o meu cordel
na branda crença de colher
-  além dos espinhos que ferem-
as mais delicadas flores 
que planto no desencanto
em noites de gelado pranto
aguardando, por fim,
a Primavera emanar encantos!

[Reggina Moon]
SOLIDÃO III

Neste deserto que escrevo
e que me faz companhia
momentos de saudades
me fazem refletir na vida.
O que seriam meus dias
se não fosse a perene poesia!
Por trilhos imaginários
tecendo ainda alguns sonhos
vou seguindo o meu cordel
na branda crença de colher
- além dos espinhos que ferem-
as mais delicadas flores
que planto no desencanto
em noites de gelado pranto
aguardando, por fim,
a Primavera emanar encantos!

[Reggina Moon]

quinta-feira, 18 de julho de 2013

...Continuamos, sobretudo, com o peito arranhado, batendo na mesma frequência de ontem. Você se reinaugura com alguma alegria. Transforma. Lateja. E fica. Você não passa. O Amor ainda coleciona infinitos.

[Priscila Rôde]
"A alma é uma coleção de belos quadros adormecidos,
os seus rostos envolvidos pela sombra.
Sua beleza é triste e nostálgica porque,
sendo moradores da alma, sonhos,
eles não existem do lado de fora."

[Rubem Alves]

terça-feira, 16 de julho de 2013

                                              Meu Epitáfio

"Calam-se aqui, centenas de palavras de amor nunca ditas..."

                               [Reggina Moon]
 
.../
dá-me a claridade das
luas cheias para que eu invente
entre as angústias que se
esparramam um
horizonte mesmo
que se transmude em ilusão

dá-me a esperança das
árvores para que eu teça
entre as ausências que se
imensificam uma sanidade ainda
que estofada de
delírios

(Adair Carvalhais Júnior)
 
 
“Que o breve seja de
um longo pensar.
Que o longo seja de
um curto sentir.
Que tudo seja leve de
tal forma que o tempo nunca leve.”

[Alice Ruiz]
 
 
Folhas Mortas (Viviane Rezende)
Antologia Café com Verso II - pág. 327

E a esperada primavera chegou!
Com toda sua beleza e sutileza...
Tão esperada...desejada...
Invadiu as ruas, enfeitou as calçadas,
conquistou mansamente corações apaixonados
e amantes enamorados!
Irradiou árvores e jardins,
com toda sua beleza primaveril...
No entanto, eu que tanto esperei por ti,
sonhei em reencontros cheios de flores e cores...
Enxergo-te com sombras e sem magia...
Avisto apenas árvores secas e sedentas,
jardins emudecidos...
E pelo caminho, apenas...folhas mortas...
Folhas mortas.
Folhas Mortas
E a esperada primavera chegou!
Com toda sua beleza e sutileza...
Tão esperada...desejada...
Invadiu as ruas, enfeitou as calçadas,
conquistou mansamente corações apaixonados
e amantes enamorados!
Irradiou árvores e jardins,
com toda sua beleza primaveril...
No entanto, eu que tanto esperei por ti,
sonhei em reencontros cheios de flores e cores...
Enxergo-te com sombras e sem magia...
Avisto apenas árvores secas e sedentas,
jardins emudecidos...
E pelo caminho, apenas...folhas mortas...
Folhas mortas.
  Folhas Mortas (Viviane Rezende) Antologia Café com Verso II - pág. 327


segunda-feira, 15 de julho de 2013

Não posso desfazer a história e tampouco apagar os erros.
A única coisa possível é continuar apontado o lápis
para escrever o restante que ainda falta.

Ita Portugal