sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

DOM DE AMOR


Amar demais! Que alma fosse amar
O escuro da noite morta...
Amar demais! Que vivo a amargurar
No silêncio em que me conforta...

Amar as penumbras que me suporta,
As convulsas dores no perdurar
Dos anoiteceres imensos, o luar
Que nem casto bateu a minha porta.

Sinto! Amo! Mas o que sinto e amo
São os confortos do meu engano,
São os fantasmas quais eu converso...

Amar que do meu peito é espanto!
Silêncio, luar, amargura é o que canto
De amor, que me deu a dom o verso!...

Dolandmay Walter

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