sábado, 23 de outubro de 2010

Dever de Sonhar

Eu tenho uma espécie de dever,
dever de sonhar, de sonhar sempre,
pois sendo mais do que um
espetáculo de mim mesmo,
eu tenho que ter o melhor
espetáculo que posso.
E, assim, me construo a
ouro e sedas, em salas
supostas, invento palco,
cenário para viver o meu sonho
entre luzes brandas e músicas invisíveis.

Fernando Pessoa

segunda-feira, 18 de outubro de 2010



Eu contei cada segundo

da sua espera..

Me esqueci que as horas
não voltam.
(Sirlei L. Passolongo)

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

ternura

"Quando a ternura
parece já do seu ofício fatigada,
e o sono, a mais incerta barca,
inda demora,
quando azuis irrompem
os teus olhos
e procuram
nos meus navegação segura,
é que eu te falo das palavras
desamparadas e desertas,
pelo silêncio fascinadas."
.
(Eugénio de Andrade)

domingo, 10 de outubro de 2010

Aprendi ...

Aprendi , que amores eternos podem acabar em uma noite .
Que grandes amigos podem se tornar ferrenhos inimigos .
Que o amor, sozinho , não tem a força que imaginei .
Que ouvir aos outros é o melhor remédio e o pior veneno.
Que a gente nunca conhece uma pessoa de verdade , afinal gastamos uma vida inteira para conhecer a nós mesmos .
Que confiança em si mesmo não é questão de luxo , e sim de sobrevivência .
Que os poucos amigos que te apóiam na queda são muito mais fortes do que os muitos que te empurram .
Que o 'nunca mais' nunca se cumpre .
Que o 'para sempre' sempre acaba .
Que minha família , com suas mil diferenças , está sempre aqui quando eu preciso .
 Que ainda não inventaram nada melhor do que colo de mãe e o abraço de pai desde que o mundo é mundo .
Que vou sempre me surpreender , seja com os outros ou comigo mesmo .
 Que vou cair e levantar milhões de vezes , e ainda não vou ter aprendido tudo! 
 (Willian Sheakespeare)

sábado, 2 de outubro de 2010


POETA-PALHAÇO

Esculpe versos tão belos, fala, fluente, de amor
semeia alegria, jardim de versos, encanto,
sensações e adjetivos que não tem na vida.
no escuro, sua alma tinge de toda cor,
demonstra sentidos, sentimentos, acalantos,
sobrepõe a dor aguda, a dolorida ferida,
disfarça a cólica, hemorragia da mente,
cria verdades que desconhece no momento,
ser poeta; se veste de palhaço por dentro,
encena sorrisos, arco-íris, borboletas astrais,
ninguém sabe, que a alma do vate demente,
está ocupada com estigmas, fendas, sinais,
imersos em lágrimas, que insiste não haver,
tenta ser super-homem; o humano habitual.
um dia, tomara, todos vão entender,
que nas entrelinhas dos versos; vive seu mal,
camuflado em fantasia,
felicidade postiça,
visível ironia,
que o enfeitiça.

[gustavo drummond]