sexta-feira, 29 de setembro de 2023

 Ultimamente vivo a maturidade que aprecia o silêncio e respira a calma, aquela que muitas vezes não tenho... Questiono as escolha de sonhos vividos, que doeram lá trás, lá onde tudo passa, lá onde tudo podia ser diferente. 

Lá onde não desisti quando me achei insuficiente, lá onde por vezes perder é ganhar! 

Mas só a maturidade sabe explicar, só a esperança de um futuro risonho sabe sonhar.

Tudo muda, quando somos indiferentes à vulgar opinião alheia. 

Hoje sou fria ao vento de tanto sofrimento em vão, interrogo caminhos, desconfio das sombras.

A juventude não dura para sempre, a vida passa e deixa marcas no rosto e na alma.

A essência continua a ser o essencial, numa aparência bonita repleta de caráter.

Quando se dá conta, as prioridades são outras. Aquilo que foi importante, já não é. Os lugares onde fui, já não voltava a ir, as saudades que vivi, já não moram aqui.

Maturidade é deixar fluir a paz que dá sentido ao caminho, é deixar ir o que não faz falta.


🖋️  Carla Tavares 

domingo, 24 de setembro de 2023

Alcance ao coração de Deus ! Uma esperança de um amanhecer de vitórias e reconhecimento das coisas que vêm do Céu !


 

 


A desilusão é um luto precoce.

 Uma despedida prematura. Crescemos a ver naquela pessoa, naquelas pessoas, o que, percebemos agora, não são. 

Estivemos anos a amar uma ficção, uma ilusão. 

Eles não são assim. 

Eles não merecem a nossa admiração, aquilo que enquanto crianças víamos como modelo. 

Eles não são as pessoas que julgávamos que eram. São outra coisa. 

A perda magoa sempre, mas magoa mais a continuidade da mentira.

 Quando alguém de quem gostamos — pai ou mãe, irmão ou irmã, tio ou tia, avô ou avó, primo ou prima, amigo ou amiga — nos oferece a desilusão profunda, a que vem da origem, do começo, o caminho tem de ser a libertação.

 Sair, deixar ir: deixar que a dor ganhe novas formas: formas definitivas.

 Para que o veneno não contamine, para que a cicuta não se consuma diariamente. 

Para que, enfim, a hemorragia estanque, e a dor pacifique. 

Ainda dor, ainda vazia, ainda desiludida, ainda revoltada, ainda inexplicável; mas em sossego.


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 Para encomendares exemplares autografados e com dedicatória, envia mensagem privada.

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

razão de ser

 Há dias de tanta angústia

Que não sei do que ela é.

Não sei se me sobra o sonho.

Não sei se me falta a Fé.


É uma angústia que nasce,

Como de um solo, de mim,

Que parece ser eu todo

Com razão de ser assim.


E esmaga-me toda a alma,

Confunde todo o meu ser

E tudo gira em meu torno

Sem eu o compreender.


Mágoa como um portão velho,

Ferrugem da quinta em fim,

É uma angústia que cai,

Como num solo, por mim…


Fernando Pessoa