segunda-feira, 29 de outubro de 2012

SÓ PALAVRAS



Eu vivo pensando,
caçando palavras,
que se multiplicam,
e de tão reais,
chegam até a ter voz.

Escrevo uma aqui,

outra ali,
volto, apago,
penso, leio e releio,
então se dispersam,
melhor amassar o papel...

Mas elas retornam,

e mais lentas,
desfilam no ar,
Ah, palavras...
teimando em falar!

Unindo os sentidos,

de tanto calar,
confidentes,
se fazem fiéis,
ao meu modo de amar.

[Reggina Moon]

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Fidelidade


A poesia resiste
persiste,  insiste.
Apesar do desfecho,
paga-se o preço, 
por você,
permaneço.

um rumo certo,
caminhos em branco,
espaços vazios,
se houve a partida
houve ponto de partida 
haverá ainda mais
...

Espera...
Espera...
Espera !

Só falta 
a
chegada
Encontro
Re vida
a
vida !

vl.

sábado, 6 de outubro de 2012

Suspensas fugas


Para pensar em ti todas as horas fogem:
o tempo humano expira em lágrima e cegueira.
Tudo são praias onde o mar afoga o amor.

Quero a insônia, a vigília, uma clarividência
deste instante que habito – ai, meu domínio triste!,
ilha onde eu mesma nada sei fazer por mim.

Vejo a flor; vejo no ar a mensagem das nuvens

- e na minha memória és imortalidade -
vejo as datas, escuto o próprio coração.

E depois o silêncio. E teus olhos abertos

nos meus fechados. E esta ausência em minha boca:
pois bem sei que falar é o mesmo que morrer:
Da vida à Vida, suspensas fugas.

Cecilia Meireles

segunda-feira, 1 de outubro de 2012


Sou quieta,
calma,
calada.
Será mesmo?
Mentira...
Não tenho calma,
tenho pressa.
Não sou quieta,
quero gritos,
agitos,
avisos
Mas continuo sendo
calada,
não uso palavras.
Uso a escrita para me
manifestar.
Mas são se engane
Sou uma observadora!
Observo a vida,
o tempo passar,
as pessoas,
seus olhares,
seus ritmos,
seus íntimos.
Sou assim
Sou uma controvérsia.