sábado, 29 de outubro de 2011

DISCURSO VAZIO
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero
há calma e frescura na superfície intata
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência, se obscuros.
Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consuma
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.

(Carlos Drummond de Andrade)
OS POEMAS
Os poemas não nascem selados.
Eles cantam, dançam, voam
Tantas vezes inebriando as margens
das páginas de quem os escreveu...
Estes poemas não me pertencem.
Nasceram livres,
Fiéis aos olhos de cada continente
Onde lançam âncoras silenciosas...
Estes poemas são flores
no vaso, no campo, nos barcos
Estes poemas são teus!
É qualquer alquimista à meia-noite,
É uma vela na soleira da porta,
São segredos do deserto meu...
Com o passar dos anos,
escorre a tinta pelas mãos,
Éter, fogo, asa ritmada.
Este poema vaga
Sob a luz
de um velho lampião...

(Márcia Cristina Lio Magalhães)

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

SABEDORIA

Que sejas sábio
o teu Espírito
ao conduzir a tua alma
em busca do amor!
Pois o caminho é árduo,
e não derradeiro...
Se, tudo estiver
ao teu coração,
nada poderá destruir
o que é de teus dias!

(Poeta Dolandmay)

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Na vida há erros e verdades.

Erros que cometemos e verdades que nao sabemos.
E,  entre erros e verdades
conheci você.

Talvez o meu maior erro.
Mas, a minha única verdade.

(a.d.)


autor desconhecido

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

...

"...Eu sou lúcida na minha loucura,
permanente na minha inconstância,
inquieta na minha comodidade...
Amo mais do que posso e, por medo,
sempre menos do que sou capaz...
Quando me entrego, me atiro e
quando recuo não volto mais".
(M. Medeiros)

domingo, 23 de outubro de 2011

 
 
A pedra, o vento, a luz alteada,
o salso mar eterno, o grito
do mergulhão, sob o infinito
azul: — Deus não me deve nada!


[Helio Pelegrino]
 

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Guardados de Infância

 
Guardados de Infância
Atenção: Compro gavetas,
armários, cômodas e baús.
Preciso guardar minha infância:
os jogos de amarelinha,
os segredos que me contaram
lá no fundo do quintal.
Preciso guardar minhas lembranças:
as viagens que não fiz,
ciranda, cirandinha
e o gosto de aventura
que havia nas manhãs.
Preciso guardar meus talismãs:
o anel que tu me deste,
o amor que tu me tinhas
e as histórias que eu vivi...
(Roseana Murray)

domingo, 16 de outubro de 2011


Eu peço a Deus tudo o que eu
quero e preciso. É o que me cabe.
Ser ou não ser atendida - isso não
cabe a mim, isso já é matéria-mágica
que se me dá ou se retrai. Obstinada,
eu rezo. Eu não tenho o poder.
Tenho a prece.'


[Clarice Lispector]

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

T-O-D-O

T-O-D-O

No teu corpo
Pátria –vida
Quero tudo-todo
O riso e o beijo
O tremor e o arrepio
A sede e a fome
Quero !
Pele-alma-cio

No teu coração
Vida-pulsa
Sou mais-certeza
O olhar e o desejo.
O frisson e sussurro,
A chama e a lenha
Preciso!
Sangue-suor-climax.


[Marly Ferreira/gustavo drummond]

domingo, 9 de outubro de 2011

saudade

 
 
Uma saudade que faz os olhos brilharem por alguns segundos
e um sorriso escapar volta e meia,
quando a cabeça insiste em trazer a tona
o que o coração vive tentando deixar pra trás.
(Caio Fernando de Abreu)

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

sobre saudade



A saudade não é de todo ruim, é antes, o bálsamo que nos auxilia e consola ao lidarmos com as ausências. Em verdade, se estamos com saudade é porque presumimos ter o porquê de senti-la.
Infeliz é aquele, que não tem porque ou por quem sentir saudade - Mais infeliz é o outro, que esteve presente e ao partir não deixou saudade... Aquele que pelo amor e pela virtude, não se fizer saudoso pelos que ficaram, de fato, morreu!

Antônio Poeta

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

por um sorriso ...


...  fui alimentar a fantasia,  
dei de cara com  a realidade. 
 dói !
Bem q eu tentei ...
mas,
foi inevitável  o confronto,
nessa busca de apenas um sorriso.
Ainda está doendo...

vl. 

silêncio

"E então ficamos os dois em silêncio,
tão quietos como dois pássaros na sombra,
recolhidos ao mesmo ninho,
como dois caminhos na noite,
dois caminhos que se juntam
num mesmo caminho.
Já não ouso...
já não coras...
E o silêncio é tão nosso, e a quietude tamanha
que qualquer palavra bateria estranha
como um viajante, altas horas...
Nada há mais a dizer,
depois que as próprias mãos silenciaram seus carinhos
Estamos um no outro como se estivéssemos sozinhos...
.
J.G. de Araújo Jorge