domingo, 31 de outubro de 2021

O destino une e separa. Mas nenhuma força é grande o suficiente para fazer esquecer pessoas que por algum motivo um dia nos fizeram felizes...

terça-feira, 12 de outubro de 2021

Costura

Aos 15 anos, eu achava que o amor era seda finíssima, que cobria a visão dos amantes com um tom rosado. Aos 20, imaginei que era cetim. Brilhante, ruidoso e escorregadio. Cama para a perdição dos sentidos. Aos 25, me abriu a temporada da primavera. O amor virou pano de chita. Flores e fecundação. Reprodução colorida. Aos 30, desejei fazer uma colcha de retalhos, juntando das pessoas só os pedaços que eu gostava. Aos 35, minha alma sentiu frio e eu desejava o amor como um xale jogado nos ombros. Aos 40, comecei a admirar os panos remendados, refeitos pela esperança, cerzidos com persistência. Já não desejo a bela toalha de banho engomada, que não seca o corpo. Ou o edredom novo, que não cola na pele. Entendi que amor é ninho. Trama reforçada para suportar os atritos. Tecido grosso que se costura nas roupas de criança na altura dos joelhos e dos cotovelos. Confiança e proteção. Fico imaginando o que irei aprender sobre o amor nos próximos anos. Talvez, tendo compreendido um pouco sobre o seu feitio, eu possa, agora, me dedicar aos delicados bordados à mão. Érica Toledo____♡