quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

 Eu venho de um lugar distante chamado infância. Lá, o tempo se demorava, a rua era parque de diversões, a lua era lampião e o grito da mãe dizia que era  hora de sonhar.

Lá, era permitido sentar nas calçadas e conversar de perto, e contar histórias de gente, de bicho, das grandes chuvas e das coisas que ficaram pelo caminho.

Lá, era permitido um aperto de mão que acompanhava um sorriso no olhar, era permitido sentar ao redor de uma mesa numa manhã de domingo.

Lá, era permitido se aconchegar nos braços da vó, contando segredos, colhendo as estrelas.

Lá, era permitido namorar no portão o amor pra vida inteira.

Era permitido viver...


(D.A.)


terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Sobre o texto :

 Não sei quem o escreveu nem isso é muito importante, mas suponho que deve ter sido uma mulher, já que revela um conhecimento íntimo da condição feminina e é sobre ela que fala.

Diz assim :

"Dizem que, a uma certa idade, nós as mulheres nos fazemos invisíveis. Que nossa atuação na cena da vida diminui e que nos tornamos inexistentes para um mundo onde só cabe o impulso dos anos jovens.


Eu não sei se me tornei invisível para o mundo, mas pode ser. Porém nunca fui tão consciente da minha existência como agora, nunca me senti tão protagonista da minha vida, e nunca desfrutei tanto cada momento da minha existência.


Descobri que não sou uma princesa de contos de fada; descobri o ser humano sensível que sou e também muito forte. Com suas misérias e suas grandezas.


Descobri que posso me permitir o luxo de não ser perfeita, de estar cheia de defeitos, de ter fraquezas, de me enganar, de fazer coisas indevidas e de não corresponder às expectativas dos outros.

E apesar disso…

Gostar de mim!


Quando me olho no espelho e procuro quem fui… sorrio àquela que sou… Me alegro do caminho andado, assumo minhas contradições. Sinto que devo saudar a jovem que fui com carinho, mas deixá-la de lado porque agora me atrapalha. Seu mundo de ilusões e fantasias, já não me interessa. É bom viver sem ter tantas obrigações. Que bom não sentir um desassossego permanente causado por correr atrás de tantos sonhos.


A vida é tão curta e a tarefa de vivê-la é tão difícil que quando começamos a aprendê-la, já é hora de partir...”

Confesso que este último parágrafo me causou algum desconforto, não porque discorde dele,  mas porque toca fundo numa circunstância a que já dediquei algum tempo de reflexão e que tem a ver com a forma como desperdiçamos muito do nosso tempo com coisas que interessam muito pouco e não nos acrescentam em quase nada.

 

Este último parágrafo é um belíssimo alerta. Em meia dúzia de palavras traz-nos a força do efémero e a responsabilidade que temos em fazer com que ele valha a pena. 


©Graça Costa

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

"E ESTOU CANSADA. ..

Cansada de tentar consertar as coisas que não quebro.
Cansei de procurar soluções para problemas que eu não causei. 
Cansei de procurar pessoas quando eu não as expulsei.
Cansei de sempre tentar dar o melhor de mim e que ninguém valorizou isso.
Eu me cansei e quando alguém se cansa não dá pra voltar atrás. 
Chamem de egoísmo, no entanto eu vou chamá-lo de amor próprio. 
Porque no processo de consertar as coisas de todos, e com todos. 
A única que se magoou foi eu!"

(D.A)
 

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024


 "Antigamente o mato, tão vazio de gente, me fazia medo. Pensava, só podia viver nas pessoas, vizinho de gente. Agora, penso o contrário. Já quero voltar no lugar dos bichos. Tenho saudades de ser ninguém."

(Mia Couto, in "Vozes Anoitecidas ".)


 

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024