sexta-feira, 30 de abril de 2010

Falar é completamente fácil,
quando se têm palavras em mente
que expressem sua opinião.

Difícil é expressar por gestos e atitudes
o que realmente queremos dizer,
o quanto queremos dizer,
antes que a pessoa se vá.
Carlos Drummond de Andrade

A UM AUSENTE ...



Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste
Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 27 de abril de 2010

Lispector

“Não me provoque, tenho armas
escondidas...
Não me manipule, nasci pra ser livre...
Não me engane, posso não resistir..
Não grite, tenho péssimo hábito de
revidar...
Não me magoe, meu coração já tem
muitas mágoas...
Não me deixe ir, posso não mais voltar...
Não me deixe só, tenho medo da escuridão...
Não tente me contrariar, tenho palavras que
machucam...
Não me decepcione, nem sempre consigo
perdoar...
Não espere me perder, para sentir minha
falta...“

segunda-feira, 26 de abril de 2010


Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso.

O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto.

A maioria pensa com a sensibilidade, eu sinto com o pensamento. Para o homem vulgar, sentir é viver e pensar é saber viver. Para mim, pensar é viver e sentir não é mais que o alimento de pensar.


[Fernando Pessoa]

Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens.
Fernando Pessoa

sexta-feira, 23 de abril de 2010

...um amor especial

" Existem amores...
e existe um amor especial, apenas uma
vez em nossas vidas... 

este tipo de amor pertence ao Céu,
é incondicional e ele será para sempre...

como uma marca cósmica,
uma infinita lágrima de alegria e um abraço sem fim! "

(ad)

quarta-feira, 21 de abril de 2010

VIAGEM


De Beirute ao seu quintal,
Singro o céu de sua boca,
argonauta sensorial.
Visibilidade pouca,
Sentidos aguçados,
Sentimentos aflorados,
Jornada nas estrelas
ascendentes,
entre cometas ,
começo sem fim,
galopar intermitente,
desviando de planetas,
rosas, espinhos; jardins
suspensos.

Mapa traçado em alto relêvo,
Bússola de alta definição,
Arrisco-me, me atrevo
a percorrer suas sendas,
ingressar em suas fendas,
Astrolábio me indica seus lábios,
me perco nas encruzilhadas
de seus beijs dispersos.
Desvio-me de tantas ciladas,
até chegar ao ponto determinante,
determinado, cumpro a missão.

No exato instante,
que entro pela porta
inexistente.
Pobre demente,
corujas de óculos a me fitar,
árvores frondosas, penumbras,
vagalumes apagados,
arco-íris experimentados,
uma inquieta rumba,
norteia nossa dança
balanço inconstante,
vai de ômega a alfa,
persiste o bastante,
sem dizer adeus.

[gustavo drummond]

travessia

" Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."
Fernando Pessoa

sábado, 17 de abril de 2010

"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."
Clarice Lispector

sexta-feira, 16 de abril de 2010

s a u d a d e !


" Não é sempre
Que a ausência deixa saudades.
Às vezes ...
Ela deixa pedaços de vento,
Que atravessam os nossos silêncios "

=- Bruno de Paula -=

,

terça-feira, 13 de abril de 2010


Não importa em quantas partes o seu coração foi partido. 
O mundo simplesmente não para para que você o conserte.
(shakespeare)
E isso é tudo ! vl

EQUILÍBRIO GUSTAVO DRUMMOND


Nem bem á direita,
menos pra a esquerda,
bem no centro,
no eixo,
o sustentáculo.
fiel da balança
imóvel.
Pondera,
mede
avalia,
analisa,
sem ceder,
contraria
leis,
não espera
acontecer.

O equilibrista chinês,
dança no arame teso,
leve, confiante,
minímamente espesso,
segue diante
até o fim do mes.
Conta até mil
antes de acontecer,
calmamente,
controla ações,
vigia reações,
silencia...
meticulosamente.

Entre o sul e o norte,
bem ao meio.
está o ideal,
empurre,
corte,
afaste,
obedeça o sinal
dos tempos.
mantenha-se
leal,
equilibradamente...

[gustavo drummond]

quinta-feira, 8 de abril de 2010

O verbo amar


Te amei: era de longe que te olhava
e de longe me olhavas vagamente...
Ah, quanta coisa nesse tempo a gente sente,
que a alma da gente faz escrava.
Te amava: como inquieto adolescente,
tremendo ao te enlaçar, e te enlaçava
adivinhando esse mistério ardente
do mundo, em cada beijo que te dava.
Te amo: e ao te amar assim vou conjugando
os tempos todos desse amor, enquanto
segue a vida, vivendo, e eu, vou te amando...
Te amar:  é mais que em verbo é a minha lei,
e é  por ti que o repito no meu canto:
te amei, te amava, te amo e te amarei!
                                     (JG de Araujo Jorge)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Tempo de adoração a Deus !!!



tempo de reflexão.........
Ainda hoje somos homens e mulheres de
passagens; somos filhos da Páscoa.
Os mares existem; os cativeiros também.
As ameaças são inúmeras. Mas haverá sempre
uma esperança a nos dominar; um sentido oculto
que não nos deixa parar; uma terra prometida
que nos motiva dizer: Eu não vou desistir!
O importante é saber, que em algum lugar deste
grande mar de ameaças, de alguma forma
estamos em travessia...

Pe. Fábio de Melo