sexta-feira, 10 de junho de 2011

1. Pessoas

No princípio, eu acreditava que as pessoas eram simples e diferentes. Aquele era o tio, a outra era a prima, o médico, a professora e todos mais. Com o passar do tempo, e a troca dos espaços, suas faces de diversos matizes e formas não conseguiam mais ocultar suas aspirações e a complexidade por debaixo delas. As simples diferenças que carregavam dentro e mesmo fora, falsas ou reais, viravam materiais de emoção e a dor de sabê-las. Hoje, as observo pelas ruas, shoppings e noites, e vejo somente o quanto são únicas, em suas indumentárias comuns de ossos e carne.

Filosofias à parte, a parte que me tem tocado é a mesma que se pode observar nas estrelas em seus grupos de solidão, de solitárias luzes no todo de uma profunda escuridão. Através do breu da noite escura ou da agrura de olhar através da intensa claridade de seus brilhos, só se pode mesmo observar bem a escuridão imanente à sua volta. E elas estão ali, reluzentes, as estrelas cegas de si mesmas, como fossem pessoas pelo espaço celeste.


Gentes são como desejos complexos, relativas em seu brilho ou em sua tez opaca, e para quem tem sede de sabê-las jamais serão absolutas. E, ao gosto do tempo estanque e do espaço que gira, vão se tornando iguais em suas diferenças, tendo como pano de fundo o infinito do mundo.


Há lugares em que jamais pisaremos ...
 

Mauro Veras
Do livro CONTOS IN CON GRU ENTES (Obra literária sob registro ISBN 83-0615, CDD 861.4 CDU – 861.033, Prosa Brasileira Contemporânea, de 2005).

Um comentário:

  1. Bem interessante.
    seguindo
    c puder retribuir eu fico grato ainda mais c comentar

    http://euachoqueusimplesmentenaosei.blogspot.com/

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