segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Te amei, te amo, te amarei

Poema XLIV – Pablo Neruda

 Saberás que não te amo e que te amo

pois que de dois modos é a vida,

a palavra é uma asa do silêncio,

o fogo tem a sua metade de frio.



Amo-te para começar a amar-te,

para recomeçar o infinito

e para não deixar de amar-te nunca:

por isso não te amo ainda.



Amo-te e não te amo como se tivesse

nas minhas mãos a chave da felicidade

e um incerto destino infeliz.



O meu amor tem duas vidas para amar-te.

Por isso te amo quando não te amo

e por isso te amo quando te amo.

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