quinta-feira, 25 de novembro de 2021


 A ESPERA


MIA COUTO 


"Aguardo-te

como o barro espera a mão.


Com a mesma saudade

que a semente sente do chão.


O tempo perde a fonte

e a manhã

nasce tão exausta

que a luz chega apenas pela noite.


O relógio tomba

E o ponteiro se crava

No centro do meu peito


Fui morto pelo tempo

No dia em que te esperei."


(Mia Couto, in "Terra Sonâmbula".)

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