segunda-feira, 19 de agosto de 2024

É sobre contar estrelas...

 Hoje a saudade me abraçou...

É que eu sou de uma época.

Que contava estrelas no céu.

Onde o cheirinho de terra molhada era a alegria estampada no olhar.

Que correr atrás de vagalume.

Fechar o guarda chuva de propósito.

Apertar às  campainhas.

Subir no pé de fruta.

Sentar na beira do fogão a lenha.

Era a maior riqueza do mundo.

Que andar descalço não dava nenhum resfriado.

No máximo bichinho de pé, oh coceira boa.

Não tinha essa de marcar horário de ir para rua.

A gente ia e todos estavam  lá.

Ah, se a gente soubesse que aquele dia seria a última brincadeira de infância.

A gente teria pelo menos dado um adeus.

Três beijinhos no rosto e um abraço de urso tipo quebra ossos.

Ah, se a gente soubesse...

Bater o dedinho no móvel  dói.

Ralar os joelhos no chão dói.

Cair da bicicleta dói.

Mas, quanto dói uma saudade?


Andrea Domingues

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