sábado, 21 de junho de 2025

Cuida bem de mim ...


 Dalton


Ninguém nunca vai saber.
Que existimos.
Que pisamos as ruas com os pés descalços de pressa e sonho.
Que dançamos — sim, dançamos — com alegria desmedida sob a chuva das cidades que não nos viram.

Ninguém nunca vai saber.
Que fitamos o mar pela moldura fugaz da janela de um trem.
Que respiramos o silêncio suspenso no ar de uma cafeteria qualquer,
como se o mundo coubesse entre goles de espera.

Ninguém nunca vai saber.
Que estivemos ali.
De pé, no terraço da vida,
aguardando os outros chegarem,
com os olhos cheios de mundo e as mãos cheias de nada.

E mesmo assim,
nós vivemos.

— Nino Pedretti, “Ninguém Vai Saber”

Nenhum comentário:

Postar um comentário