sábado, 21 de janeiro de 2012


Soneto da separação

De repente do riso fez-se o pranto

Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente

Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante

Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.


Poética

De manhã escureço

De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte

Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem

Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã

Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.

Nenhum comentário:

Postar um comentário